Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VIAGENS DE ANTONIO MIRANDA PELO BRASIL 


Foto: www.ariquezadeviajar.com/2018/05/roteiro-de-3-dias-por-ouro-preto-minas.html



MARIANA  - Foto Matriz Tour



OURO PRETO E MARIANA
- CIDADES DE MINAS GERAIS

20.1.1986

 

Andei pelos caminhos ondulados, curvos e sensuais de Minas, com seus contornos repousados, sua silhueta antiga e seus espaços de tranquilidade e cordialidade.
Súbitas ladeiras roliças e ancestrais de Ouro Preto.
Descansei nas escadarias das igrejas vetustas e risonhas — nunca bisonhas — de Mariana.

As igrejas de Minas têm janelas — olhos abertos, e portas — bocas adornadas, com semblantes humanos, eternamente sorridentes quando não caladas e discretas, entreabertas. Há igrejas caladas, alegres, algumas quase tristes, algo empretecidas e dignificadas, um tanto aristocráticas, pelo tempo calmo de Minas Gerais.
Chovia se brilhavam os contornos dos velhos muros e a redondez das pedras desgastadas pelo deambular dos passantes.
No restaurante, diante de uma galinha à cabidela, ou com molho pardo, via o amontoado de carros na praça central de Mariana, com a invasão de turistas do período de férias.

São os novos tempos, das estradas asfaltadas, dos novos hotéis, de uma classe media que chora a perda de seu poder aquisitivo mas que sai em viagem e busca caminhos de percorrer e ambientes de relaxamento e prazer.
Bem diferente foi a primeira visita que fiz a Ouro Preto, em 1962. Foi no dia 24 de fevereiro. Fiquei hospedado na “República Atlântida” (na rua da Direita, Conde de Bobadela, 35) administrada por estudantes da Escola de Mineralogia.

À noite, as ruas cheias de pedestres subindo e descendo, em filas informais, para o namoriqueio de praxe. Um bloco do “3º. Semestre”, animava. Era o “Zé Pereira”, com motivo colonial, com alegoria sobre a tendência dos portugueses da Colônia que “cruzaram” com suas escravas.
No domingo 25 de fevereiro daquele ano de 1962 estive na casa de Guignard, que havia ido para Belo Horizonte gozar o seu aniversário. Saí de visita, em seguida, à casa de Tomás Antônio Gonzaga e, à noite, a uma missa especial na Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Mas era o mesmo Carnaval, como o seu Zé Pereira, com os foliões e os travestis, que alegravam a cidade de cheiro caracteristicamente antigo, que é Ouro Preto.
Impressionei-me de fato com a “fila do passeio”, com gente subindo e descendo, ordenadamente.

O diário em recolho estas impressões está encardido e gasto pelas andanças nas carrocerias de caminhões pela estrada, com colagens e recordatórios, inclusive pedaços de papel de parede, passagens de ônibus, raspagem de ouro das talhas da matriz de Nossa Senhora do Pilar, de Ouro Preto, restos de especularita, talco e malacacheta do museu de mineralogia. O rapaz que eu era estava fascinado andando e subindo aquelas ladeiras estreitas, espreitando aquelas esquinas sossegadas, sentando naqueles batentes carcomidos, para descansar...

Devorei cada detalhe no deambular curioso, escrutando adornos, fixando peitoris, catalogando as multifacéticas sacadas, comparando as tantas janelas e esquadrias caprichosas.  Agora eu já era o homem maduro vendo Ouro Preto dos tempos modernos, a Mariana dos dias atuais, entulhada de lojas de souvenirs, com turistas apressados e congestionadas ruas com carros de cores natalinas das marcas da moda, do novorriquismo e das excursões corridas, em que falsos e despreparados “guias” apelam para detalhes amorosos ou mórbidos da vida de Tomás Antônio Gonzaga (o Dirceu) e sua Marília, e dos Inconfidentes, para entreterem os excursionistas exaustos e sonolentos.

Já naquele ano de 1962 os divertidos alunos das “repúblicas” montavam exposições com objetos absurdos para se divertirem às custas dos turistas, cobrando-lhes entrada: papel higiênico que teria sido usado por Marília de Dirceu, dente arrancado de um cliente pelo Joaquim da Silva Xavier, ferro de engomar do barão, os “bobs” em rolo da cabeleira dessa ou daquela sonhorinha... Humor ingênuo e despretensioso.
 

 

Dona Olímpia [foto:Facebook]

Que ainda andava pelas ruas de Ouro Preto, meio louca meio mendiga, com trajes antiquados e andrajosos, com seu bastão de anciã e seu porte de nobre figura, era a Dona Olimpia.  A garotada saía atrás dela, provocando-a. Muitas estórias fantásticas percorriam sobre ela pela casas e ruas de Ouro Preto: que era belíssima, que havia sido riquíssima, que tinha joias valiosíssima escondidas, que teria herança milionária por receber, que fora amante de um homem poderoso, que foi casada com político de grandes posses, que teria deserdado por infidelidade. Até lindo cartão postal, editado pela Mercator (que eu tenho em minha “cartofilia” na Chácara Irecê, em Pirenópolis, Goiás) chegou a ser  publicado com a imagem dela, no início dos anos 70. Dona Olímpia fazia parte da imagem humana de Ouro Preto, envolta em mistério e romantismo. Certamente que já terá morrido pois, mesmo no início dos anos 60, já era um anciã, apesar de esbelta e vaidosa.
Voltei outras vezes a Ouro Preto mas não a Mariana (cuja primeira visita fiz em 1964).

Debaixo de chuva voltei a percorrer os caminhos conhecidos, com outros olhos, já não de fascínio e encantamentos dos meus 20 anos, mas agora experientes e inquisidores. As velhas cidades é que continuam basicamente as mesmas e até mais bonitas, mais bem cuidadas, com muitos prédios restaurados, com restaurantes e bares, novos museus e hotéis, agora mais voltada para os visitantes do que para seus moradores.




 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar